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8 de outubro de 2011

CARTA A UM AMOR BANDIDO

MARECHAL HERMES, 04 DE MAIO DE 1981.

Ainda é cedo. Olho o relógio tentando ganhar tempo. Cinco horas. O relógio bate displicente em um dia nublado e triste. Mas que boba! Estou só. Entre uma lágrima e outra que cai silenciosamente na blusa desbotada, tento me escrever antes que me perca. 


Todo mundo já se apaixonou um dia. É... Tem gente que tem sorte e encontra o amor de sua vida e vivem felizes para sempre. Como em um conto de fadas. Outras, como eu, decepcionam-se. Escrevem para esquecer a dor maldita das lembranças que ainda estão vivas. Apesar da separação.

Penso com uma urgência que não é sadia. Sei que muitas pessoas não entenderão a dor que a tua ausência causou. Já que você foi muito ruim para mim. Menino mal. Sofri tanto e ainda sofro. Mas será que isso tem importância? Não! O que realmente conta é esta angústia que me consome as energias, é esta saudade bandida, é o seu rosto que não me sai do pensamento, queimando meu peito como um clarão no meio da escuridão.

O que me importa é o medo que sinto por estar sem você. Desgraçada maneira de estarmos juntos, quando nossos corações e vidas já estão separados.

Não! Não quero chorar mais!
Idiota! .... Mas chora...

Começo a maldizer o dia que te conheci. Eu era tão jóvem e inocente. Ainda não tinha completado 18 anos. Arre! Já começo a sentir os sintomas da fossa: dor no peito, bolo na garganta, desejo de sumir, desaparecer para sempre. Ai... que saudade. Eu devo ser masoquista. Como amar alguém que não me ama? Como amar tanto assim, se você não se importa?

Anoiteceu enquanto eu escrevia. Quanto tempo se passou entre as brumas e o que precisava ser dito? São 22h15min. Perdi a vontade de falar. Tem muita coisa engasgada na garganta. Seu desrespeito, sua falta de amor, as traições e humilhações. O dia passou e eu nem percebi, perdida que estava tentando te encontrar. Já não sei mais de mim. Só quero morrer.

Mentira!
O que quero mesmo é escutar você dizendo:
- "Amor? Voltei!"

Carta ao primeiro amor - 17 anos.

Georgete Reis

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Georgete Reis