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11 de dezembro de 2010

RUMO AO INFINITO

Pareço um desconexo boneco de marionete. Quem dita a direção que devo seguir, são vocês. Estou debilitado, fragilizado e por detrás desta capa de “todo poderoso”, sou extremamente dócil e carente de atenção. Um cordeirinho. Mas por favor não esqueçam que ainda tenho vontade própria, por isso, permitam-me ir em busca do sol quando o coração me pede. Não amarrem minhas pernas, pois tenho necessidade de correr. Embora minha mente seja cativa de uma doença, desgraçada doença, meu espírito tem asas e é livre. Corre como se fosse decolar. Às vezes fico tão leve, que acredito piamente que posso voar.

Quem sabe eu consiga um dia os meus sonhos alcançar?

Às vezes me encontro tão mal, que ao abrir os olhos só consigo ver o céu escuro e sombrio da rua em que moro. Nesses dias me deparo com a morte. Nada em mim tem vida, nada se move. Meus pensamentos se embaralham. Confusos. Sem racionalidade. Só emoção. Emoção da doença, esse fogo ruim. Braços, pernas e tronco se amotinam e a rebelião se instala. É guerra! Já não obedeço os meus membros, coisas minhas que são, se amotinam, há outro capitão no comando e eu sou apenas um figurante, o vilão, vivendo uma vida de ficção.

Às vezes estou tão consumida por esse mal... quem nem meus olhos tem vida. Nem mesmo eles se expressam perdidos na “Grande Escuridão” ... E para quê? Para procurar e nunca encontrar? Para andar nos corredores vazios da minha alma? Ai... essa doeu. Como diz Oswaldo Montenegro, na maestral música “Agonia”: - Se eu tentasse entender, por mais que eu me esforçasse, eu não conseguiria...e com isso morro um pouco a cada dia”.

Sinto passos, escuto vozes... não compreendo... Às vezes são amigos, às vezes meus filhos, mas não me importo. Às vezes Maria, Artur, Carlos ou alguém de outra dimensão. Tomando meu corpo sem aviso, sem boas intenções, querendo armar confusões e me afastar mais ainda de mim mesma e da minha grande missão. Esse ser obsediador que vive grudado em mim, me impede de me despir deste véu ingrato e incompreendido que é a loucura, me levando mais longe ainda do amor. Do amor que sinto e não consigo manifestar e do sublime amor universal que preciso tanto para me regenerar. É... é verdade, escuto vozes. Vozes do além, mas às vezes não tem ninguém. Nem mesmo eu. Somente meu corpo, ai que dor, essa grande casca oca e uma enorme solidão. Culpa. Arrependimento. Remorso. Meu ser clama por atenção, só um pouquinho de amor e do verdadeiro perdão, que acolhe sem distinção.

Olho pro meu coração... Tenho tanto tempo para pensar. Há marcas nele tão profundas que fica difícil de sonhar. Sabe, na estrada que percorro o que não me falta é tempo para refletir. Mas este vazio louco que é a a minha vida não me deixa prosseguir rumo ao céu, de encontro a luz, cair em braços que preciso me redimir. Ai... meu deus... É tudo tão difícil quando vivemos no umbral, perdidos.

Pareço um cão bem adestrado. Você me diz senta e eu sento. Você me diz levanta e eu pulo da cama. Você me diz deita e eu deito e de vez em quando até rolo e abano o rabinho. Já sei de todas as suas regras, meus horários de alimentação são rigidamente prescritos. Você não pergunta se desejo fazer isto ou aquilo. Tudo está sempre muito organizadamente controlado dentro da “sua” razão. Eu entendo e respeito suas leis. Sei que é para o meu bem estar. Mas se em algumas situações eu me rebelo e GRITO e choro e QUEBRO objetos e BATO portas e até te agrido. Desculpe-me. Sinceramente, não foi de propósito. Entenda de uma vez por toda, não sou eu que me controlo. Infelizmente não posso prometer ter sempre as reações que você deseja e espera que eu tenha. Sabe, é este mal que me aflige. A loucura, ô, Coisa ruim.

Sei que é difícil de entender a loucura e o vício. A maioria das pessoas nos consideram descartáveis e muitas das vezes somos insignificantes diante do Mundo. Se até eu me considero pequeno, ignóbil, quem dirá os outros ditos “normais”? Vivemos trancados em celas ou vagamos perdidos em ruas com nomes de consolação. É uma vida triste, sem luz, sem sol, sem amor. Apenas este céu estrelado que traz uma sensação de dor, como uma flecha no meu coração. Mas nada pode mudar a minha essência de SER de LUZ. Nem o que eu penso de mim e nem o que você pensa de mim. Sou um ser humano, criado a imagem de Deus, com um propósito designado por ele, por mais que pareça uma maldição. Existe um universo dentro de mim querendo se expandir.

Rumo ao horizonte, rumo ao céu,
rumo enfim a vida que Deus quer para mim.

Georgete Reis

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Georgete Reis